Por vezes a voz do leitor chega-nos -
O mar ferve-me no corpo
Sou as gaivotas de uma ilha seca
Os pontos de fuga são demasiados - Deslaço
Pertenço a todas as festas a todas as filosofias a todos os clubes
Todos os palhaços me fazem rir
Em todos os écrans me disperso idêntico a cada outro
que me atravessa sem se fazer compreender
O mar ferve-te no copo como se voasses em todas as gaivotas
de uma falésia intransponível
Os pontos de fuga multiplicam-te - desmancham-te
mas isso é próprio das condições periclitantes
Na rota para a ilha luxuriante todos os náufragos serão salvos
Lá pertences a todas as festas a todas as filosofias a todos os clubes
Os écrans onde te dispersas homogeneizam-te idêntico a cada qual
Só palhaços atravessam o deserto contigo - Mudos
reinam sobre as miragens que por ti ascendem e te desconstroem
O destino é algures o reservatório onde o tempo não dura
que as raízes não penetram mas a engrenagem fulgurante do eclipse
Ilha de volátil granito rodeado pela mecânica firme do mar -
não tens sede senão de nitidez na tua própria presença
Quero partir e sinto nos pés o peso do granito
Daqui a milhares de anos o granito
será areia que o vento arrastra para longe
Eu serei vento?
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